SHAMSIA HASSANI -
É uma afegã de 24 anos que gosta de borrar paredes. Chamam-lhe “artista”.
Foi recentemente noticia, não pela sua esmerada arte, mas
por ter dito que “a burca não é uma
jaula”.
Justifica a sua afirmação dizendo que “mesmo com a
burca, as mulheres podem fazer tudo: ter educação, trabalhar, fazer arte e
muitas outras actividades” e que “a liberdade não é o que
vestimos, a liberdade é o que decidimos, o que dizemos, o que fazemos para
estarmos confortáveis e para termos paz”.
O que é uma verdade, sem dúvida, e não tenho motivos para contrariar a “artista”.
Aliás, eu acho que é tão condenável a imposição do uso
da burca como a proibição de a usar de livre e espontânea vontade, como
acontece em alguns países imbecis, como, por exemplo, na França.
Inicialmente causou-me preocupação o facto desta
borradora de paredes ter sido considerada, em 2009, uma das dez melhores artistas
no Afeganistão.
Até aqui não me agrada a sua arte.
Mas, incrivelmente,
depois de ler toda a notícia passei a nutrir uma grande simpatia por esta jovem
afegã.
Qual a razão?
Eu explico:
No Afeganistão, “borrar” paredes pode ser muito
perigoso, sobretudo para uma mulher. Então ela inventou uma forma muito mais
civilizada e moderna (eu diria mesmo; a única forma civilizada) de fazer
graffiti - o “grafitti digital”
Explicou assim a sua técnica:
“Tiro fotografias
de estradas e de ruas por toda a parte. Depois, abro as fotos no 'Photoshop' ou
noutro programa de arte no meu computador e construo imagens digitais. Outras
vezes, imprimo as fotografias e faço graffiti com óleo ou acrílico que pinto
nas paredes”.
Ora aí está!
Em vez daquelas imbecis borradelas que fazem das
nossas ruas lugares nojentos, sinistros e dantescos, podem os “grafitteiros”
(ou como raio chamam a esses animais estúpidos que borram tudo, impunemente)
fazer algo de proveitoso e artístico, mas naquilo que lhes pertence, em
propriedade sua, sem delinquir, sem estragar propriedade alheia, sem ofender a
população com a sua marginalidade e, quem sabe, vender tais palermices a algum
nabo que as aprecie.
Pode usar a internet para publicitar a sua actividade
e, porque não, criar um sucedâneo do facebook, para o qual proponho, desde já,
o nome de “grafittiwall”.
Os meus sinceros parabéns à ARTISTA Shamsia Hassani
pela sua inovadora e civilizada forma de arte