Hoje é o dia 28 de Maio. Recordo os acontecimentos de há 86 anos.
Então como agora, Portugal passava por um período complicado. A diferença é
que, faz hoje 86 anos, alguém deu um murro na mesa e disse:
“Eu não conspiro, revolto-me!"
Gostava imenso que o que vou reproduzir não fosse uma
simples invocação histórica, mas antes uma reportagem dos acontecimentos de
hoje, 28 de Maio de 2012.
…
Ontem, dia 27 de Maio, pelas 22 horas, o general Gomes da Costa
chegou a Braga. Anteontem tinha declarado a um jornalista da Época: “Eu não
conspiro, Revolto-me!”
E, revoltou-se mesmo.
Reuniu ontem numa casa particular, em conselho, com os oficiais
envolvidos na sedição e estabeleceu planos em relação ao Porto, Santarém, Évora,
Mafra e Lisboa. O valoroso general assinou várias proclamações em que se
destaca: “Eu por mim revolto-me, abertamente” e continua…
“Não quer a Nação uma
ditadura de políticos irresponsáveis, como tem sido até agora. Quer um governo
forte que tenha por missão salvar a Pátria. Que concentre em si todos os poderes
para, na hora própria, os restituir a uma verdadeira representação nacional…”
Hoje, 28 de Maio, pelas cinco e meia da madrugada foi
confirmada a revolta da 8ª divisão militar de Braga, comandada pelo General
Gomes da Costa. Pelas 6 horas iniciou-se a acção militar. Numa proclamação distribuída
pelo Norte, o general afirma: “vergada sob a acção duma maioria devassa e tirânica,
a Nação, envergonhada, sente-se morrer. Eu por mim revolto-me abertamente!”
Pelas 16 horas, o comandante Mendes Cabeçadas assina e manda
entregar ao Senhor Presidente da República, Dr. Bernardino Machado, um
documento em nome do Exército, datado de ontem (dia 27), em que lhe é pedida a
nomeação de “um governo de carácter extrapartidário , constituído
por republicanos que mereçam a confiança
do país”
Mal recebeu a carta, o Sr. Presidente da República convidou
o comandante Mendes Cabeçadas para um encontro no Palácio de Belém, a fim de o
convidar a restabelecer a ordem no país. Depois de Mendes Cabeças ter dito que
tal só seria possível após a demissão do governo e a entrega do poder ao exército,
o Sr. Presidente da República aceitou.
Já foi distribuída uma proclamação da Junta Revolucionária
de Lisboa, composta pelo comandante Mendes Cabeçadas. Armando Ochoa, o capitão
Jaime Baptista e o tenente Carlos Vilhena anunciando uma séria de medidas
imediatas.
A revolta do valoroso general Gomes da Costa, que hoje de
madrugada partiu de Braga em direcção Lisboa, acaba de triunfar.
,,,
Isto foi há 86 anos.
Por que razão não há hoje um Gomes da Costa?
Onde estão os nossos generais e os nossos heróis?
Será que hoje não há quem diga:
“Eu revolto-me abertamente “ ?