Hoje tive uma discussão com um católico. Estou a falar de um debate de ideias civilizado, com um ex-seminarista, agora professor do ensino
secundário.
Posso considerar-me um ateu, humanista e tolerante, e o meu oponente
sabia isso.
Mas o meu ateísmo anda muito abalado. Diante do que vejo,
começo a ter vergonha de dizer que sou ateu. Tenho frequentado um blogue onde
se encontram uns palermas, ignorantes e estúpidos sem par, sem nenhuma cultura social,
muito mais perto do terrorismo do que do ateísmo.
Nesse blogue, em cada texto ou em cada novo comentário o
grau de estupidez aumenta. Parece um Carnaval.
Ninguém me manda passar por lá. Mas, começo a gostar daquela
selva, pois representa o contrário daquilo que defendo. É frequentada por autênticos
selvagens ignorantes que, incrivelmente, se acham os mais evoluídos entre a espécie
humana.
Voltando à minha discussão com o referido católico.
Não discutimos dogmas ou doutrinas, pois são coisas que eu não
domino. Nem sequer trocamos argumentos sobre uma coisa que me impressiona nos crentes:
o facto de eles acreditarem num Deus a quem tudo pedem, de quem nada recebem,
mas mesmo assim passam a vida a agradecer por este não os castigar. Se Deus é
bom, por que havia de os castigar? Se é bom porque não lhes dá o que lhe pedem?
É justo agradecer a quem não dá nada do que se lhe pede?
Não sei as respostas nem perguntei.
A nossa discussão foi sobre uma coisa diferente: a atitude
da Igreja face aos padres abusadores.
Do meu ponto de vista, a posição da Igreja deveria ser de intolerância
total e severa punição.
O meu interlocutor tem uma opinião diferente.
Segundo ele, “ o papel da Igreja não é a punição mas a
reabilitação, pois a doutrina manda salvar e não castigar”. E, internamente
foram tomadas todas as medidas que a Igreja deveria tomar: foram feitos inquéritos,
analisados os casos e tomadas decisões como afastar os suspeitos das presumíveis vítimas; vigiar o seu comportamento e, nos casos que não se conseguiu de
outra forma, houve destituições de cargos.
Ainda segundo o meu interlocutor, a maioria dos casos são
falsos e fabricados por pessoas sem escrúpulos, sem honra e sem princípios,
sabendo à partida que, numa sociedade que dá demasiado crédito à versão das supostas
vitimas, os acusados dificilmente se poderão depender e estão antecipadamente
condenados, pelo menos na opinião pública.
Por precaução, e depois de ver o que se passa no blogue de
que falei, não sei em quem acreditar.
Tenho a certeza que
aqueles que se reúnem nesse blogue são pessoas capazes fazer coisas dessas,
como o demonstram nos seus textos e comentários.
Este ateu sério e honesto cala-se e vive tranquilo. Mas, continuo
a achar que os grupos minoritários que tentam mudar o mundo para o adaptar à
sua forma de pensar, além tentarem lutar contra a regra democrática da maioria,
não passam de fanáticos, de fundamentalistas imbecis.